SOBRE O SUMO BEM (DE SUMMO BONO)

Boécio de Dácia

Resumo


Visto que em toda espécie de ente é possível haver algo de sumo bem, e o homem é uma certa espécie de ente, é necessário que no homem seja possível haver algum sumo bem. Não digo sumo bem de modo absoluto, mas sumo para si, pois os bens possíveis ao homem têm fim e não prosseguem ao infinito. Investiguemos pois pela razão o que seja esse sumo bem, possível ao homem. O sumo bem possível ao homem é devido ao homem segundo sua virtude ótima. Não portanto segundo alma vegetativa, que é própria das plantas, nem segundo a alma sensitiva, que é própria dos animais, e assim também os deleites sensíveis são próprios dos animais. A virtude ótima do homem é a razão e o intelecto; é pois o regime (regimen) supremo da vida humana tanto no especular quanto no operar. Portanto, o sumo bem possível ao homem é debitado (debetur) a si segundo o intelecto. E assim, os homens que se atêm apenas nos deleites sensíveis e se omitem dos bens intelectuais devem sofrer, pois jamais atingem seu sumo bem; estão tão votados aos sentidos  que não buscam o que é o bem de seu intelecto. Contra os quais exclama o filósofo dizendo: “Ide vós, homens, contados entre o número dos animais e não intentai para o que é divino em vós!” O divino no homem, porém, ele chama de intelecto; se no homem, portanto, há algo divino é digno que esse seja o intelecto. Assim como na universalidade de todos os entes é ótimo o que é divino, assim o que é ótimo no homem chamamos de divino.

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