A PAIXÃO PELA FILOSOFIA: POESIA E FILOSOFIA NO CONVÍVIO DE DANTE ALIGHIERI

Jakob Hans Josef Schneider

Resumo


A virada da poesia para a filosofia que Dante realiza no seu Convívio, através de seu autocomentário de suas Canções, dá claramente uma nova perspectiva à filosofia escolástica. A “nova vida”, ou seja, a nova orientação no movimento intelectual na Idade Média tem por resultado a crescente autoconsciência do autor e a autonomia da filosofia fora da sua síntese teológica. Através da pergunta se é permitido falar de si, pois um autocomentário é uma fala de si, Dante esclarece este relacionamento entre poesia e filosofia.
Evidentemente não é permitido falar de si na filosofia  realizada nas universidades medievais que têm regras determinadas na forma das quaestiones disputatae. Dante aceita essas regras, exceto o princípio do anonimato; a saber, que a opinião de um autor não importa; o que
importa é a verdade do que é dito. Mas, no caso de Dante, é permitido falar de si; por dois motivos: ensino dos outros (Agostinho) e se defender contra infâmia (Boécio). O resultado dessa dúvida, ou seja, pergunta é o seguinte: Dante entende a primeira frase da Metafísica de Aristóteles, seu favorito filosófico, com qual o Convívio começa, literalmente: Todos os homens desejam por natureza sabedoria; e não faz uma diferença entre literati e illiterati. Todos os homens são convidados à mesa divina da filosofia. Dessa forma a filosofia não é um assunto apenas das universidades. Ela deve se abrir para todos; pois “a filosofia é a última perfeição da nossa alma” (Averróis). Aqui a autonomia e a aristocracia da filosofia começam.

Palavras-chave: Autoconsciência. Metáfora. Universidade. Poesia. Autonomia filosófica.


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